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Histórico

Publicado: Domingo, 05 de Setembro de 2021, 18h00 | Última atualização em Quarta, 07 de Junho de 2023, 08h13 | Acessos: 3667

SINOPSE HISTÓRICA DA ESCOLA DE INSTRUÇÃO ESPECIALIZADA

ANTECEDENTES

     Fundada em 21 de agosto de 1945, por meio do Decreto lei nº 7.888, a Escola de Instrução Especializada foi originada a partir do Centro de Instrução Especializada (CIE), criado em decorrência do reaparelhamento bélico das tropas militares brasileiras, em virtude da sua participação ativa na Segunda Guerra Mundial, por meio da Força Expedicionária Brasileira (FEB).

     Diante da eclosão da guerra que ocorria na Europa em 1939, o governo brasileiro se mantinha em posição neutra, mesmo sob fortes pressões dos Estados Unidos, interessado no uso dos portos e aeroportos situados no Norte e Nordeste, fundamentais para a defesa do continente. Sob o governo do presidente Getúlio Vargas, o Brasil se aproveitou dessa premissa para obter a promessa de reaparelhamento das Forças Armadas e da construção de uma grande usina siderúrgica. Após o ataque japonês à base norte-americana de Pearl Harbor, em 7 de dezembro de 1941, o presidente Franklin Roosvelt condicionou a cooperação técnica e econômica ao Brasil em troca do seu envolvimento direto no conflito. O fator decisivo para o envolvimento do Brasil no cenário da guerra foram os ataques a um total de 36 navios mercantes brasileiros por torpedos alemães e italianos, ocorridos entre fevereiro a agosto de 1942, ocasionando o rompimento das relações diplomáticas (em 22 de agosto de 1942) e a declaração do estado de guerra contra a Alemanha e Itália, através do Decreto lei nº 10.358, de 31 de agosto de 1942.

     Em fevereiro de 1943, após o encontro entre os dois presidentes (Franklin Roosvelt e Getúlio Vargas), surgiu a ideia da criação de uma força militar para participação no conflito, mediante ao reaparelhamento bélico das Forças Armadas Brasileiras, não somente para a força expedicionária mas também para as tropas que garantiriam a defesa do território nacional. Através da Portaria Ministerial nº 4.744, de 9 de agosto de 1943, foi aprovada a proposta do ministro da Guerra, o General Eurico Gaspar Dutra, a criação da Força Expedicionária Brasileira (FEB), sendo formada pela 1º Divisão de Infantaria Expedicionária (1º DIE) e órgãos não divisionários, sob o comando do General João Batista Mascarenhas de Morais.

A CRIAÇÃO DO CENTRO DE INSTRUÇÃO ESPECIALIZADA (CIE)

    A estruturação da FEB foi iniciada com o envio de oficiais brasileiros aos Estados Unidos para treinamento. Isso proporcionou uma reestruturação de métodos e táticas militares, até então de referência da Missão Militar Francesa, consideradas ultrapassadas para as novas características da guerra em pleno curso, pelo modelo norte-americano.  

     Com o objetivo de operacionalizar a preparação do contingente a ser enviado para a Europa, em 30 de junho de 1943, por meio do Decreto lei nº 5.636, foi criado o Centro de Instrução Especializada (CIE), tendo como finalidade formar e aperfeiçoar especialistas e artífices para as novas Unidades das Armas e Serviços em desenvolvimento para a Política de Segurança Nacional da época.

     O comando deste Centro ficou sob a incumbência do General de Brigada Gustavo Cordeiro de Farias, oficial de prestígio e grande experiência no ofício das armas, traduzindo em primeira ordem a importância da criação desta Unidade.

     Em 14 de agosto de 1943, no Boletim do Exército nº 33, Suplemento, foram estabelecidas as diretrizes para o funcionamento do CIE, onde inicialmente foram criados 25 (vinte e cinco) cursos: Cursos de Motoristas (Viaturas sobre rodas, Meia lagarta e Motores de material flutuante); Cursos de Mecânicos (Viaturas automóveis, Armamento, Material de transmissões, Instrumentos e Avião); Cursos de Transmissões (Telefonistas, Operadores de rádio, Reparadores de rádio e Instalações elétricas); Cursos de Eletricistas (Automóvel e Rádio); Cursos de Saúde (Enfermeiros cirúrgicos, Socorristas de 1ª urgência e Serventes de ambulância); Núcleos de formação (Datilógrafos, Estenógrafos, Criptógrafos, Meteorologistas, Desenhistas gerais, Maquinistas, Soldadores e Armeiros).  

     Em 23 de setembro de 1943, o CIE foi instalado nas dependências da antiga Escola das Armas, atual 15º Regimento de Cavalaria Mecanizado (Escola), localizado na Vila Militar e, em 07 de outubro de 1943, teve início o primeiro curso sob sua responsabilidade: o curso de Equipamento Pesado de Engenharia, composto por 12 (doze) oficiais alunos.

    A grande necessidade de formação de especialistas é expressa no efetivo em que foram divididas as primeiras companhias de instrução em 1944: 07 (sete) cias de motoristas com 400 homens cada; 02 (duas) cias de cozinheiros com total de 525 homens; 01 (uma) cia com 301 datilógrafos, 28 de Guerra Química, 08 desenhistas e 08 de meteorologia, perfazendo um total de 3.670 homens, somente nesse primeiro momento.

     Para se ter uma ideia da grandiosidade do CIE, durante a organização da FEB, foram formados mais de 18.000 homens que iriam lutar e cobrir-se de glórias nos campos da Itália. O Centro contou, ainda, com o apoio de instrutores norte-americanos, que aqui permaneceram até 1946. É importante lembrar que, no Teatro de Operações da Itália, o Brasil enviou mais de 25 mil homens, incluindo especialistas instruídos no CIE. 

     Como resultado imediato dessa nova realidade multiplicou-se o número de especialistas nos comandos de Unidades das Armas e Serviços e todos os escalões de combate passaram a ser contemplados por especialistas das mais diversas áreas. A logística, antes centralizada e priorizada nos altos níveis hierárquicos, deu lugar a uma coordenação nos níveis táticos, o que alcançou as proximidades da linha de contato com o inimigo, indicando a necessidade da estruturação de um órgão capaz de centralizar, normatizar e difundir as instruções dessas novas especialidades.

     Vale ressaltar também que, com a criação do CIE, o ensino dos especialistas no Exército deixou o empirismo, passando a objetivar a formação sistematizada que buscava a eficiência funcional.  

     Terminada sua nomeação, o Sr. General Gustavo Cordeiro de Farias, que fora nomeado para o cargo de Diretor de Ensino do Exército, em seu texto de despedida do CIE coloca que: 

“ ... Se é curta a sua vida, bem justificada está a sua existência, tão animadores têm sido os resultados apresentados, fornecendo aos bravos camaradas da FEB , especialistas feitos de maneira honesta e eficiente.”

“ ... Orgulhosamente, já podemos dizer que temos na frente de batalha italiana, no setor que nos foi atribuído, testemunho eloquente da produção do CIE, em todos os ramos de especialização dos corpos de tropa.”

“ ... O resultado não tardaria. Mandamos para a frente, os nossos camaradas, oficiais e praças, adestrados nos Departamentos de Transmissões, Armamento e Guerra Química, Motomecanização, Educação Física, Saúde, Alimentação, Estenodatilografia, e arejados no espírito pelos momentos alegres que lhes proporcionaram os Serviços Gerais e Diversões nas horas de lazer...”

 A CRIAÇÃO DA ESCOLA DE INSTRUÇÃO ESPECIALIZADA ( EsIE)

     Graças ao seu exitoso trabalho em prol da especialização dos oficiais e sargentos, o CIE converteu-se na Escola de Instrução Especializada (EsIE) por meio do Decreto lei nº 7888, de 21 de agosto de 1945. Neste mesmo decreto, idealizado pelo então General-de-Brigada Cordeiro de Farias, Diretor de Ensino do Exército, foi criado o Centro de Aperfeiçoamento e Especialização do Realengo (CAER), considerado a Célula Mater da Atual Diretoria de Educação Técnica Militar (DETMil).  

     A partir de então, a EsIE participou ativamente da modernização do Exército por intermédio da formação e aperfeiçoamento de especialistas para as Unidades das Armas e Serviços, sendo indispensáveis para reestruturação da Força Terrestre (pós a 2ª Guerra Mundial), além de prestar apoio às instrução das demais Escolas Militares.   

     O ensino era ministrado segundo os conhecimentos psicopedagógicos mais modernos existentes: o Método Ativo ou Escola Ativa, visando o estímulo ao discernimento, a iniciativa e da conduta mediante a observação. Dessa maneira, o instruendo aprenderia a resolver, com êxito, as situações novas e imprevistas que se apresentassem no desempenho de suas funções.

      Essa foi a primeira vez no Exército em que uma Escola passara a adotar um método de ensino corporificado em seu regulamento. Portanto, pode-se inferir que a EsIE foi a precursora do ensino por competências no âmbito do Exército. 

      A vida escolar era repleta de novidades. Uma delas era a perfeita integração dos cursos de especialização que eram ministrados na Escola para oficiais, sargentos, cabos e soldados, que conviviam no mesmo Estabelecimento de Ensino, fato até então inédito no Exército. 

      A variada gama de cursos de especialização evidenciava o caráter técnico e inovador da EsIE, como por exemplo: Adaptação de Motoristas; Mecânicos de Manutenção Orgânica de 2º Escalão; Básico de Material Bélico; Mecânico de Artilharia; Mecânico de Armamento Leve; Reparador de Instrumentos de Observação e Direção de Tiro; Mecânico de Instrumentos Óticos; Operador de Máquinas e Ferramentas; Armeiro; Soldador; Carpinteiro; Pintor; Estenodatilografia; Datilografo; Burocratas; Auxiliar de Administração; Aprovisionamento para Praças; Padeiro; Cozinheiro; Açougueiro Magarefes; Formação de Pessoal de Rancho; Formação de Pessoal de Lavanderia; Contador; Arquivista; Especialistas em Sepultamento; Suprimento de Água; Equipamento Mecânico de Purificação de Água; Munições Falhadas; Equipamento Pesado de Engenharia; Operador de Maquinas de Construção; Camuflagem; Minas Armadilhas e Destruições; Disfarce; Construções Gerais; Desenhista; Especialista em Saúde (Enfermeiros Socorristas e Enfermeiros); Foto Informação; Guerra Química e Observador Aéreo.

     Em 1949, a EsIE mudou-se para as atuais instalações em Realengo, ocupando o quartel construído para o Núcleo de Recompletamento do Grupamento de Unidades Escola. Com extensa base física, a Escola pôde crescer e abrigar um efetivo numeroso de pessoal, além de aumentar a capacidade de seus cursos, destacando-se entre as Escolas Militares, sendo conhecida como o “Gigante de Realengo”.  

     Em 1951, a EsIE inicia pela primeira vez os trabalhos da Escola Regimental, uma importante contribuição do Exército Brasileiro para minimizar a grande chaga social que maculava o Brasil até o século XX: o analfabetismo. O grande objetivo desta iniciativa visava proporcionar as primeiras noções de leitura, escrita e aritmética aos recrutas que se inseriam na corporação durante o serviço militar obrigatório. Este trabalho perdurou até o início da década de 1970, quando foi criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), que envolveu todos os municípios e sistematizou o processo no Brasil.

    A EsIE iniciou a formação de sargentos no ano de 1969 nas áreas de Saúde, Intendência, Aprovisionamento, Transporte, Desenhista, Burocratas, Mecânico de Equipamento Pesado e Suprimento de Engenharia.

      Dando continuidade à sua vocação de instruir e especializar, no dia 30 de junho de 1969, foi realizada a solenidade de abertura dos primeiros Cursos de Formação de Sargentos (CFS) de Topografia e de Meios Auxiliares de Instrução

      Em sua caminhada na busca de novas possibilidades e meios para inovar o ensino, em 1971, a EsIE instala seu primeiro computador NCR 500, tornando-se uma referência para as demais OM de ensino. Fruto dessa iniciativa, a EsIE ministra o curso de programador para sargentos, que serviu de base para o primeiro curso de auxiliar de informática para sargentos. Logo em seguida, em 1973, foi instalado seu primeiro estúdio de TV, onde foram gravados discos de diversas bandas de música do Exército e peças audiovisuais para o ensino e instrução no Exército. Destaca-se o vídeo em VHS com o tema “Segurança na Instrução”, amplamente utilizado nas instruções do EB, passando a apoiar nesta expertise várias OM da Força Terrestre.

     Com as novas necessidades da Força Terrestre, a Escola de Instrução Especializada recebe a determinação de elaborar o funcionamento do primeiro Curso Preparatório para o CHQAO, em 1984. O Curso não foi criado à época, contudo, vale ressaltar que a EsIE mostrou, mais uma vez, que estava pronta para cumprir as missões de ensino ainda não existentes no Exército.

      Nesses quase 80 anos de história, além de ter se evidenciado na preparação de nossos “Febianos” e na formação e especialização de nossos militares (oficiais e praças), a EsIE também desempenhou papel importante nos trabalhos de busca e resgate das vítimas do terremoto na Cidade do México, em 26 de setembro de 1985, onde se fez representar por um destacamento de demolição composto por militares especialistas instrutores da Seção de Engenharia.

      Em 26 de outubro de 1987, outra missão de grande envergadura foi confiada a EsIE Deslocar militares especializados em Defesa Química Biológica e Nuclear (DQBN) para Goiânia – Goiás, a fim de colaborar com as ações gerenciadas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) em prol das vítimas contaminadas pelo acidente com o Césio-137, considerado o maior acidente radioativo do Brasil e o maior do mundo ocorrido fora das usinas nucleares. 

      Também nesse ano, o antigo curso de Guerra Química (GQ), criado em 1943, passa a ser denominado Curso de Defesa Química Biológica e Nuclear (DQBN). Em seguida, em abril de 1989, a EsIE por meio das equipes da Seção de Engenharia e Seção DQBN, efetuaram a retirada e o transporte de equipamento radiológico contendo bomba de Cobalto do HCEx para o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN/BH-MG).

      Várias outras atividades de grande importância e inovação foram recebidas e executadas por esse estabelecimento de Ensino ao longo dos últimos anos, tais como: o primeiro CFS com a presença do segmento feminino de saúde, no ano de 2000 e o primeiro CFS de música, no ano de 2006.

      Destaca-se, ainda, a participação de especialistas nas áreas de DQBRN e Observação Aérea nos grandes eventos ocorridos no Brasil, tais como: Jogos Mundiais Militares, Jornada Mundial da Juventude, Pan Americano, Copa das Confederações, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.

      O dinamismo dos dias atuais e a observância das necessidades do Exército Brasileiro levam a EsIE mais uma vez a se reinventar. Novas determinações dos Escalões Superiores, mais precisamente em fevereiro de 2021, foram o ponto de partida para que a Diretoria de Educação Técnica Militar expedisse suas diretrizes com vistas a dar início a mais um processo de reestruturação da EsIE com vistas à criação da Escola de Logística e do Instituto de Logística. Nesse escopo, uma nova oportunidade se descortina para que o Gigante de Realengo se reinvente.

       Para o cumprimento desta missão, a EsIE criou um Grupo de Trabalho para realizar o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA). Após a análise detalhada da missão, conclui-se que o planejamento seria dividido em 4 (quatro) fases: 1ª Fase: transferência do CAS QMS Logística, Músico, Saúde e Topografia da Escola de Sargentos de Logística (EsSLog) para a EsIE; 2ª Fase: Criação ou recriação de Cursos e Estágios na Área de Logística para os anos de 2022 e 2023; 3ª Fase: Criação ou recriação de Cursos e Estágios na Área de Logística para o ano de 2024; 4ª Fase: Criação do Instituto de Logística.

      Toda a documentação relativa à primeira fase do planejamento foi entregue à DETMil no dia 30 de abril de 2021.

      Os planejamentos das 2ª e 3ª fases estão em andamento.

      No dia 25 de maio de 2021, ficou decidido na reunião de coordenação entre o DECEx e o COLOG que os planejamentos atinentes ao Instituto de Logística passariam a ser de responsabilidade do COLOG, liberando a EsIE para focar exclusivamente na área do ensino.

      Ao longo de sua existência, a EsIE, como organismo vivo e dinâmico, experimentou rearticulações estruturais, decorrentes das necessidades da Força Terrestre, da evolução tecnológica e do ensino, reafirmando sua constante vocação para o novo. Contudo, mantendo inalterados os elevados padrões de ensino e o tradicional espírito de corpo, que foram forjados, no passado, por nossos irmãos de armas do antigo CIE, feitos estes que nunca deixaremos de reverenciar com respeito e admiração.

      Em mais de meio século de fecunda existência, desde a sua fundação até o presente, a EsIE já especializou cerca de 3000 oficiais e 13000 sargentos, não só do Exército Brasileiro como também de outras Forças Singulares, inclusive de nações amigas, tais como Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela, México, Guiana, Suriname e Angola.

      Por fim, decorrem 78 anos de fecunda existência em prol do Sistema de Educação e Cultura do Exército. Seus integrantes se orgulham ao bradar a sua frase que sintetiza sua história e missão:

ESIE, BERÇO DA ESPECIALIZAÇÃO NO EXÉRCITO!

BRASIL, ACIMA DE TUDO!

 

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